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terça-feira, 7 de abril de 2020

Mercado imobiliário: protagonista da retomada do crescimento econômico

Após longo período de crise, o cenário macroeconômico do Brasil começou a dar sinais de melhora. Parte significativa desse novo ciclo positivo tem como origem os segmentos da construção civil e do mercado imobiliário, que são sempre os primeiros a sentirem os efeitos negativos em períodos de recessão, mas também são os protagonistas quando se fala em crescimento econômico. Em 2020, os setores devem puxar o ritmo da retomada da nossa economia, com previsão de 2,2% no PIB, segundo estimativas do Banco Central.

O final do ano passado e o começo deste ano foram marcados por uma expectativa de melhora do cenário político e econômico, que acabou incentivando algumas incorporadoras a lançarem seus projetos até então suspensos – o que, de forma geral, foi algo muito positivo. O ano de 2019 trouxe um crescimento de 60% no volume de novos lançamentos, comparado aos números do ano anterior.
Mas, para conseguirmos ter uma visão mais clara sobre o mercado imobiliário, precisamos entender que ele apresenta três segmentos bem definidos e que possuem características próprias.

Imóveis econômicos

São imóveis de até R$ 250 mil, compactos e que normalmente estão localizados em bairros mais afastados, onde o preço do terreno é mais em conta. Como os empreendimentos são incentivados pelos programas habitacionais, os juros são subsidiados, o que torna a parcela do financiamento muito semelhante ao valor de aluguel. Portanto, o interessado prefere comprar um imóvel próprio a gastar dinheiro com aluguel.
Esse segmento é totalmente dependente de baixas taxas de crédito e de estabilidade de emprego para compor a renda.

Imóveis de médio padrão

Este foi o segmento que mais sofreu durante a crise. Quando a mídia apontou que o mercado, de forma abrangente, estava passando por recessão, o principal foco estava neste tipo de imóvel. Aqui não existem juros subsidiados; com a taxa Selic em alta, o custo do financiamento estava muito acima dos patamares anteriores.

Em sua grande maioria, os compradores possuem uma pequena poupança; no período de obra, pagam parcelas mensais e deixam um saldo substancial a ser financiado na entrega da obra.
Durante a crise, muita gente perdeu o emprego e acabou devolvendo seu imóvel às incorporadoras, que precisaram devolver 100% do valor pago. Consequentemente, as construtoras passaram por um processo de excesso de estoque e falta de caixa, ocasionando a queda nos preços dos imóveis remanescentes.

Com o desemprego batendo recorde histórico nos últimos cinco anos, foram lançados poucos empreendimentos, até que os estoques retomassem patamares pré-crise. Em 2019 o cenário foi um pouco mais positivo, com aumento do número de novos lançamentos e melhor desempenho na velocidade de vendas.

Imóveis de alto padrão

Esse segmento é bem menos dependente do crédito imobiliário, que só é utilizado quando as taxas estão muito baixas como oportunidade de funding. Nesse perfil, o comprador não tem a necessidade de adquirir um imóvel, mas quer e pode realizar a nova compra.
Com a crise no segmento imobiliário e os juros em alta, o comprador simplesmente espera por um cenário mais claro para encontrar a melhor oportunidade de negócio, aumentando assim o tempo para a tomada de decisão.

E o investidor de imóveis?

Até o 2º semestre de 2018, o perfil de investidor havia diminuído drasticamente. Essa figura, que chegou a representar 40% das vendas, passou a menos de 10% por conta das altas taxas de juros e da insegurança junto às incorporadoras. Vimos que, desde o final do ano passado – com a taxa de juros em queda –, as pessoas que tinham oportunidade e dinheiro parado voltaram a olhar para o mercado imobiliário como uma forma de diversificação do portfólio de investimentos.

Cenário e tendências para 2020

Os indicadores apontam uma expectativa positiva para o início da década, com aumento de lançamentos, queda histórica da taxa de juros para financiamento e bom desempenho dos fundos imobiliários.

Algumas empresas preparam seus IPOs; outras estão realizando novas rodadas de investimento chamados de follow on. Os estoques remanescentes estão em patamares pré-crise. E com a retomada da economia e a geração de emprego, devemos presenciar um novo ciclo de crescimento e retomada do setor.

Com a presença de mais dinheiro no mercado e taxas baixas, as pessoas buscam oportunidades de investimento e o mercado imobiliário fica extremamente atrativo.
 
Os setores que irão se destacar no próximo ano são os lançamentos no mercado econômico, principalmente do programa “Minha Casa Minha Vida”, e os lançamentos no mercado de alto padrão.
Outra tendência de compra bem interessante é a dos apartamentos compactos. Concebidos pelo plano diretor com o objetivo de trazer as pessoas de menor poder aquisitivo para morar perto do trabalho, esses imóveis de aproximadamente 30 m² acabaram não conseguindo atingir este objetivo. No cenário anterior, esses imóveis tinham grandes chances de permanecerem vazios. Com o novo cenário, grande parte foi vendida para um perfil de investidor que deseja ampliar seu portfólio de investimento, com intuito de locar para a nova geração de Millennials, que por motivos diversos, não querem comprar um imóvel, mas sim investir em experiências, como viagens e gastronomia.
 
Vale ressaltar que essa sensação otimista para 2020 é mais estruturada do que a que percebemos no final de 2018. Com o mercado mais estável, já se conhecem os players e as forças que irão atuar. Com a tendência de queda da taxa de juros globalmente, de forma geral os grandes investidores estão preocupados em colocar o dinheiro para render e o mercado imobiliário será a principal aposta.

Por Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty



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